Subscribe

RSS Feed (xml)

Powered By

Skin Design:
Free Blogger Skins

Powered by Blogger

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Leishmaniose - Vacina Leish Tec



Introdução
As leishmanioses constituem um grupo de doenças parasitárias de caráter zoonótico de ampla distribuição geográfica, causadas por uma variedade de espécies de protozoários pertencentes ao gênero Leishmania. A leishmaniose é considerada a segunda principal doença causada por protozoário, perdendo somente para a Malária em incidência e é considerada a quinta maior endemia mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde. A leishmaniose visceral é uma doença de grande importância médico-veterinária e é transmitida no Brasil pela picada da fêmea de Lutzomyia longipalpis, popularmente conhecida como flebotomíneo, mosquito-palha ou birigui, infectada. Um importante aspecto epidemiológico consiste no fato de que as fêmeas destes flebotomíneos possuem caráter oportunista, no qual uma ampla variedade de vertebrados faz parte de sua alimentação no meio ambiente, parasitando roedores, carnívoros, marsupiais, edentados, insetívoros e, principalmente, cães e humanos, sendo caracterizada em ambos por lesões na pele (leishmaniose tegumentar) ou envolvimento visceral generalizado (leishmaniose visceral). Devido à elevada prevalência de infecção canina, o cão é considerado o principal reservatório da doença em ambientes domésticos.



Classificação e agentes etiológicos
Diversas espécies de Leishmania causam diferentes aspectos clínicos da doença, sendo classificadas em:
Leishmaniose visceral – mais conhecida como "calazar". É a forma mais grave da doença, sendo fatal se não tratada. Ela pode ser causada pelas espécies L. donovani e L. infantum no Velho Mundo e pela L. chagasi nas Américas (Muigai et al.,1987; Desjeux, 1996 e Matlashewski, 2001).
Leishmaniose tegumentar – compreende três manifestações clínicas da doença:
Leishmaniose cutânea – conhecida como "úlcera de Bauru". A leishmaniose cutânea é caracterizada por lesões localizadas, geralmente únicas. Normalmente, as lesões apresentam cura própria, sem a necessidade de tratamento (Grimaldi & Tesh, 1993, Desjeux, 2004). Ela pode ser causada pelas espécies L. tropica, L. major, L. aethiopica, L. mexicana, L. amazonensis, L. guyanensis, L. peruviana, L. braziliensis e L. panamensis.
Leishmaniose cutânea difusa – leishmaniose dérmica ocorrida após infecção com calazar. Causa lesões dermatológicas extensas, disseminadas e de caráter crônico, sendo de difícil tratamento (Grimaldi & Tesh, 1993). Ela pode ser causada pelas espécies L. mexicana, L. amazonensis e L. venezuelensis, no Novo Mundo (Weigle & Saravia, 1996) e pela L. aethiopica, no Velho Mundo (Dowlati, 1996).
Leishmaniose mucocutânea – inicia-se com lesões aparentemente simples na pele e mucosas, principalmente, na boca e na cavidade nasal, podendo se estender, causando graves lesões ulcerativas até destruição de todo o tecido afetado. Pode ainda afetar faringe, laringe e traquéia, provocando quadros de desnutrição e obstrução respiratória (Grimaldi & Tesh, 1993 e Weigle & Saravia, 1996). Ela pode ser causada pelas espécies L. braziliensis, L. panamensis, L. guyanensis e L. major (Desjeux, 2004).


Agentes etiológicos e vetores
A Leishmaniose Visceral é causada por protozoários do gênero Leishmania, pertencentes à família Trypanosomatidae, ordem Kinetoplastida, filo Sarcomastigophora e sub-reino Protozoa. No Velho Mundo, a L. donovanni tem sido incriminada como agente etiológico do calazar indiano (Laveran & Mesnil, 1903). Na bacia do Mar Mediterrâneo, o parasito incriminado é a L. infantum (Nicolle, 1908) e no Novo Mundo, segundo Cunha & Chagas (1937), a L. chagasi é a espécie incriminada como agente causador da Leishmaniose Visceral e americana (LVA). Esses parasitos são digenéticos e são transmitidos ao homem e aos animais após a picada do inseto vetor do gênero Lutzomyia, em países do Novo Mundo, e do gênero Phlebotomus, em países do Velho Mundo. Os vetores pertencem à ordem Diptera, família Psychodidae e subfamília Phlebotominae (Grimaldi & Tesh, 1993).


Morfologia e ciclo biológico
O ciclo biológico (Figura 1) do parasita Leishmania compreende duas formas morfologicamente distintas: amastigota e promastigota.
Forma amastigota: forma arredondada, aflagelada e com aproximadamente, 5μm de diâmetro. É responsável pelo desenvolvimento da doença no hospedeiro vertebrado. Parasita intracelular obrigatório, sendo encontrado no interior de células fagocíticas, como monócitos e macrófagos, do hospedeiro mamífero.
Forma promastigota: forma alongada que possui um núcleo central e um longo flagelo. É encontrada no hospedeiro invertebrado, vetor da doença (Ashford, 2000).
O parasita é transmitido ao homem após a picada do inseto vetor infectado, que injeta, na pele do hospedeiro vertebrado, as formas promastigotas metacíclicas. Cabe ressaltar que apenas os vetores fêmeas são capazes de transmitir o parasita, pois apenas eles são hematófagos. As formas promastigotas, na sua maioria, são fagocitadas pelos macrófagos, formando-se organelas denominadas de fagolisossomos. Dentro dos fagolisossomos, elas se transformam nas formas amastigotas que se replicam por divisão binária. Macrófagos infectados podem então ser ingeridos por insetos vetores sadios durante o repasto sanguíneo. No intestino dos vetores, as formas amastigotas são então liberadas após a lise dos macrófagos. Os parasitas liberados se transformam rapidamente em promastigotas procíclicas, não infectivas. Essas formas se multiplicam rapidamente e se aderem à parede do intestino. Enquanto migram para a porção anterior do órgão, elas se diferenciam nas formas promastigotas metacíclicas, não replicativas, mas altamente infectivas, que podem ser transmitidas após a picada do inseto durante o seu repasto sanguíneo, completando o ciclo biológico do parasita (Matlashewski, 2001 e Sacks & Noben-Trauth, 2002).



Aspectos clínicos da doença em cães
Os cães são importantes reservatórios no ciclo doméstico da leishmaniose visceral (LV) (Deane e Deane, 1962; Keenan et al., 1984a; Marzochi, et al., 1985) e são considerados a principal fonte de infecção dos flebotomíneos devido à forte prevalência da infecção canina, quando comparada à infecção humana (Chagas et al., 1938; Deane, 1955 e 1956).
As manifestações clínicas da doença podem variar consideravelmente, sendo dependentes da interação da espécie do parasita, da resposta imunológica de cada hospedeiro e da fase atual da doença. O período de incubação da doença pode variar de 1 mês a 4 anos (Lanotte et al., 1979).
Examinando cães infectados com L. infantum na Ilha de Elba (Itália), Mancianti et al. (1988) classificou clinicamente esses animais como:
animais assintomáticos: ausência de sinais ou sintomas sugestivos de infecção por Leishmania;
animais oligossintomáticos: adenopatia linfóide, pequena perda de peso e/ou pêlo opaco;
animais sintomáticos: todos ou alguns dos sinais sugestivos da doença, como: alterações cutâneas (alopecia, eczema furfuráceo, úlceras, hiperqueratose), onicogrifose, emagrecimento, ceratoconjuntivite e paresia dos membros posteriores.
Entretanto, cães infectados podem permanecer clinicamente normais por um período muito longo de tempo.
As principais manifestações clínicas na fase aguda da doença são linfadenomegalia generalizada, febre, apatia e ausência de lesões na pele (Alvar et al., 1994; Ciaramella et al.,1997 e Ferrer, 2003).
As manifestações clínicas clássicas da leishmaniose visceral canina são linfadenomegalia, caquexia (enfraquecimento crônico do animal), lesões cutâneas como alopecia periocular, dermatite descamativa e seborréica, hiperqueratoses, úlceras com aspecto de queimaduras, nódulos subcutâneos (que podem ser pequenos ou grandes) e erosões (mais freqüentes na ponta da orelha e nariz), onicogrifose, anemia, hepatoesplenomegalia, disfunção renal severa, aplasia de medula, trombose, colites, hemorragia nasal, pneumonias, lesões oculares e poliartrites (Abranches et al., 1991; Ciaramella et al., 1997 e Tafuri et al., 2001).
Aproximadamente 50% a 60% dos cães infectados são assintomáticos, o que sugere a existência de animais resistentes ou com infecção recente na população. Cães infectados, mesmo assintomáticos, podem apresentar grande quantidade de parasitos na pele, o que favorece a infecção do inseto vetor, permanecendo um elo no ciclo biológico da doença.


Diagnóstico
O diagnóstico da leishmaniose visceral canina apresenta-se dificultado por vários fatores, principalmente devido à presença de manifestações clínicas variadas e à ausência de lesões características (patognomônicas) da doença.
O médico veterinário conta com uma série de métodos de diagnóstico para auxiliá-lo na conclusão da suspeita clínica da doença. São eles:


Métodos sorológicos
São utilizados no diagnóstico da leishmaniose visceral e visam à detecção de anticorpos específicos ao parasita. Em geral, as técnicas mais utilizadas são a Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), a Análise de Imunoadsorção por Ligação Enzimática (ELISA), o Teste de Aglutinação Direta e o Western Blot, pois apresentam sensibilidade e especificidade que alcançam entre 80 e 100%. Cabe ressaltar que, geralmente, nos estágios iniciais da doença os cães são soronegativos, portanto, deve-se estar atento quando exames sorológicos forem utilizados no diagnóstico da doença.


Métodos parasitológicos
São métodos confirmativos por terem especificidade de 100% para o diagnóstico da leishmaniose visceral, porém apresentam sensibilidade relativamente baixa, em torno de 60 a 80%. Através deles, faz-se a detecção do parasita a partir de biópsias de tecidos ou aspirados de líquidos corporais.
O teste parasitológico mais simples e mais utilizado pelos veterinários é a identificação microscópica das formas amastigotas, a partir da confecção em lâminas de esfregaços de aspirados da medula óssea ou de linfonodos, coradas com Giemsa (Deane e Deane, 1955). Esse teste é rápido, barato e de alta especificidade, entretanto, exibe baixa sensibilidade, pois estudos demonstram ser a sensibilidade menor que 60% em aspirados de medula óssea e menor que 30% nos linfonodos.
Análises histológicas da pele e linfonodos também são técnicas freqüentemente utilizadas para o diagnóstico da leishmaniose visceral, entretanto, deve-se procurar dissociar as alterações histopatológicas, como inflamação ou granuloma de um diagnóstico positivo da doença (Tafuri et al., 1996 e Tafuri et al., 2001). Este deverá ser confirmado pela presença das formas amastigotas do parasita. Entretanto, na maioria dos casos de leishmaniose visceral, poucas formas amastigotas estão presentes, o que dificulta a avaliação. Nessas situações, a análise histológica deve ser associada à imuno-histoquímica, que apresenta elevada sensibilidade e detecta o parasita em cortes de tecidos, através do uso de anticorpos específicos (Bourdoiseau et al., 1997 e Tafuri et al., 2004).
Outra forma de diagnóstico corresponde ao isolamento do parasito através de cultura, in vitro ou pela inoculação de aspirados em animais de laboratório, como hamster (Sundar e Rai, 2002).


Métodos moleculares
Com o avanço da tecnologia biomédica, técnicas moleculares vêm sendo também empregadas no diagnóstico da leishmaniose visceral. A detecção do DNA do parasita, pela técnica da PCR, é realizada através da coleta de amostra de vários tipos, como aspirados de medula óssea, sangue, linfonodos e tecidos. Essa técnica, apesar do custo elevado, apresenta alta sensibilidade e especificidade em torno de 100% e é a mais utilizada em pacientes humanos (Mathis & Deplazes, 1995 e Reithinger & Davies, 2002).



Prevenção e controle
O controle da leishmaniose visceral tem como objetivo principal interromper a cadeia de transmissão da doença em uma população. Essa medida é de difícil execução, por exigir uma perfeita integração das ações direcionadas ao ambiente e aos animais que nele vivem.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o diagnóstico precoce e tratamento dos casos humanos, diagnóstico e sacrifício dos animais soropositivos e a identificação e eliminação do vetor como medidas de controle da doença. Os cães são considerados infectados ao apresentar resultados soropositivos em testes de diagnóstico sorológico, ELISA e RIFI, conforme preconizado no Programa Nacional de Controle de Leishmaniose Visceral no Brasil.
Dentre as medidas profiláticas contra a leishmaniose, o controle do vetor tem se mostrado eficaz na prevenção da doença. Diversas ações podem ser adotadas, visando a esse controle no animal ou no ambiente.


Controle do vetor no ambiente: recomenda-se borrifação com inseticidas à base de piretróides, remoção de qualquer espécie de matéria orgânica em decomposição, mantendo o ambiente limpo e plantio de repelentes naturais, dentre outras.


Controle do vetor no animal: a utilização de inseticidas tópicos ou repelentes naturais em loções ou incorporados em coleiras tem se mostrado um método auxiliar eficaz contra a doença. Estes exercem efeito repelente e letal sobre os flebótomos, minimizando a possibilidade de ocorrência do repasto sanguíneo e, conseqüentemente, de infecção dos animais.



Imunoprofilaxia: é considerada a forma mais eficaz no controle da leishmaniose visceral canina por proteger o animal da doença e impedir que se torne um reservatório potencial do parasita, servindo como fonte de infecção dos vetores. É recomendado associar a outros métodos preventivos contra o vetor.



Artigo científico publicado demonstrando a caracterização do antígeno A2.
Vaccine, v.26, p.4585 - 4593, 2008. Epitope mapping and protective immunity elicited by adenovirus expressing the Leishmania amastigote specific A2 antigen: Correlation with IFN-g and cytolytic activity by CD8+ T cells. RESENDE, D. M., CAETANO, B, DUTRA, M., BRUNA-ROMERO, O, FERNANDES, A. P., GAZZINELLI, R. T.


0 comentários:

Postar um comentário

obrigado por participar com seu comentário!!